FIM - Era uma vez

17.12.22


 - Ainda falta muito? - o deus da guerra perguntava impaciente. E o eremita só dava de ombros e continuava o caminho em direção à vila de Lírios.

- Sério, por que não viemos com nossos equipamentos? Estamos andando há horas e nada ainda... - Ares finalizou.

- Silêncio... Ouça! - o eremita ordenou, curvado atrás de uma árvore centenária tentando ouvir o que se passava através dela.

- Sinceramente... - Ares suspirou e mentalizou suas armas. Um jeito estranho dele se acalmar.

- Você sabe que não pode fazer isso... Muito menos usar suas armas aqui... Você não está no seu mundo, Ares... - disse o eremita. Ele sabia que o deus não estava gostando do rumo da história, ele queria resolver logo e ir embora de volta ao seu universo particular. Mas isso estava cada vez mais distante. À medida que Samira chega cada vez mais perto de Calehea, mais os deuses se autodestroem. E o eremita sabe o quão fácil é fazer o deus da guerra destruir a si mesmo. Por isso tanto cuidado, eles não podem entrar no joguinho psicológico de Samira.

- É, eu sei... Não vejo a hora disso tudo acabar!

- Então concentre-se! - pediu o Eremita.

Obviamente enquanto eles estavam ali Samira já estava alcançando seus objetivos na fronteira de Lílibeth, a cidadezinha predileta de sua amada e inconformada Luz. Ela conseguia exatamente tudo o que queria,  não costumava deixar rastros onde passava, mas dessa vez precisava ser diferente, a rainha teria de encenar uma assassina amadora. Isto lhe causava náuseas. Mas era a única forma de atrair seu alvo. E à medida que ela avança, Calehea toma terras e mais terras, secas e frutuosas, o inferno dos cidadãos é mais que real. É insano.

- Pensei que não chegaria nunca... - Luz argumenta enquanto surpreende Samira na sala de estar.

- Luz... Não era pra estar aqui!

- Como não se aqui é minha casa?

- Olha... Não sei como vou te dizer isso mas... Não. Aqui não é mais sua casa! Você vem comigo!

- Como? Você está ficando louca? O que você quer dizer com isso?

- Quero dizer que, ou melhor, te lembrar, que vampiros não tem alma, somos ocos, uma carcaça vazia cuja existência é desnecessária. Mas eu não luto para perder, não fiz aliança com meu maior inimigo a toa! 

- Não estou te entendendo...

- Você vem comigo para meu reino ou... - Ela não queria terminar o que precisava ser dito. Luz ainda era humana e não era obrigada a não demonstrar sentimentos por conta de Samira que não suportava as crises humanas.

- Samira, que aliança é essa? Não vai me dizer que você se juntou com aquele Lycan perverso!!! - ela se referia a exatamente Calehea. Que estava ouvindo tudo do lado de fora da sala.

- Ele não é perverso, ele é como eu! E este sortilégio termina aqui!

- Como assim?? - antes que ela ouvisse qualquer explicação de sua amada foi golpeada por trás por um lobo raivoso.

- Luz... - Samira a observa caída ao chão, o sangue começou a jorrar e ela não podia mais ficar ali, já era suficiente ter traído a única pessoa que a amava mesmo ela sendo quem é. 

- Pare de ser covarde e volte aqui! - Calehea esbravejou saindo da sala atrás dela. Mas logo se recompôs e se colocou ao lado de Samira para continuar a saga de Ares. Mas antes de dar continuidade, ela precisava de um minuto de paz.


Não se sabe exatamente como tudo isso começou, como esses dois mundos se fundiram... Tudo o que se sabe até agora é que o herdeiro da profecia a tinha colocado em prática, porém de um jeito muito errado. Dimensões começaram a se encontrar, e isto foi um verdadeiro caos, imaginem... Afrodite estava em guerra com Lilith. Hades recusava aceitar que o inferno tinha outro rei muito mais poderoso que ele, o mesmo conflito que Zeus estava vivendo com um deus desconhecido... A única coisa que sabia desse deus, era que seu nome era Hiawe. Enfim, os mundos não podem continuar se encontrando. E o único lúcido o suficiente para acabar com isso é Ares, o deus da guerra.

- Eram eles... - disse o Eremita.

- Eles ainda acham que nós estamos caindo no plano deles? - Ares perguntou.

- Sim.

- Idiotas... Vamos logo com isso! - Ares tomou a frente da caminhada. Mas nada estava ganho ainda. E ao entrarem finalmente na cidade encontraram corpos por todas as ruas. A cidade estava destruída e órfã. Eles não podiam crer em tanto estrago e tantas mortes. Samira nunca faria uma coisa dessas. Mas fez. O que indicava que tudo estava errado, a junção das dimensões estava afetando seus comportamentos também.

- Se eu fosse vocês iria embora! - disse uma voz misteriosa.

- Quem está aí? Apresente- se agora! - Ares ordenou enquanto empunhava sua espada.

- Ares pare com isso, não vamos ganhar nada! - disse o Eremita. O deus da guerra estava disposto a lutar se preciso. Passos chegavam mais perto, porém não se via ninguém. Foi quando aos poucos um ser começou a se materializar bem na sua frente.

- Minha missão é a mesma sua Ares, porém com propósito diferente! - disse.

- Quem é você? - Ares perguntou enquanto abaixava a espada e se deva conta que o ser à sua frente também era um guerreiro revestido em armaduras de prata.

- É bom te conhecer, Ares! Me chamo Miguel! - ele disse e desfez-se no ar. Ambos os homens o procuravam mas não o encontravam mais. 

- Ei espera... Cadê você? MIGUEL??? - Ares perguntava o procurando pelas ruas.

- Apenas sigam, Ares, eu estarei com vocês! - Miguel disse sem ser visto.

- Você pode me dizer o que acabou de acontecer? - o deus perguntava incrédulo ao eremita. O homem de idade avançada estava mais incrédulo que ele, pois ele estava vivendo o que pregou por muito tempo. Ele só conseguiu balbuciar três palavras ao deus da guerra:

- Eles estão vindo!


CONTINUA...

HISTÓRIA DE: KARINE GERALDELI®


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