Acordei sem ânimo nenhum, apenas com minha insistente determinação de fazer acontecer mais um dia, mesmo que seja o último. Caminhando debaixo da chuva você veio em meu pensamento e mais que instantâneo abriu um sorriso em meu rosto. E por um instante surgiu um pouco de cor nesse dia cinza.
Que agonia... Seria uma boba apaixonada se nessa história você soubesse da minha existência. Não que você não saiba, você me conhece mas já faz tanto tempo...
Margô adentrou o castelo em prantos me puxando de volta ao chão e meu dia voltou ao cinza, ao olhar pra ela para ver o que acontecia, a vi completamente desnorteada, havia recebido uma carta, Livina estava em perigo. E o que eu tenho haver com isto?
- Déborah, reage, Livina é nossa irmã e corre perigo de vida agora!
Permaneci em pé olhando aquela mulher querendo salvar quem um dia lhe empurrou ao abismo. Será que ela havia esquecido?
- Déborah, você me ouviu? Precisamos fazer alguma coisa!
- Você precisa fazer alguma coisa, que no momento é não se intrometer na vida de Livina! - finalmente a respondi.
- QUÊ? Mas como não? - seu olhar confuso era estridente.
- Margô... Você lembra que Livina é nossa irmã, sim eu também, mas você lembra as coisas que ela te fez? Porquê eu lembro muito bem!
- Deb... - disse abaixando a cabeça em sinal de tristeza. - eu lembro sim, mas, não posso negar ajuda ao meu sangue! É maior que nós, lembra? Temos o dever de salvar nosso sangue mesmo que haja atritos entre nós, é passar por cima das desavenças e honrar nossos antepassados! - ela tentava me convencer sabendo que era uma causa perdida.
- Minha irmã... Minha doce irmã, Margô Versalhes, a justiceira! Pelo visto sua memória ainda é falha, você não se recuperou ainda do acidente minha querida! Há muitos anos nossa família acabou com o tratado de paz entre nós, somos um por si e nada mais!
- Mas como assim? Quando foi isso?
- Logo após te resgatarmos daqueles galhos espinhosos ao qual caiu por justamente Livina a ter empurrado de cima daquela colina!
Pude ver ela cambalear de tanta informação que recebeu sem estar pronta, e o que eu faria para ela acordar se não dissesse a verdade que ela não enxergava. Ela é a irmã justiceira e sua justiça a cega, bondade demais trás um inferno contínuo. Ela não está enxergando os dois lados, está se deixando levar pelo laço sanguíneo e não podemos fazer isso, pelo menos não mais.
Nosso irmão está prestes a acabar com nossa irmã, Livina Versalhes, a gananciosa. Só está colhendo o que plantou, atentou contra nossa irmã e agora nosso irmão atenta contra ela. É um ciclo ao qual ela precisa passar, ela vai sair bem dessa eu sei, talvez com alguns arranhões, algumas feridas, mas vai sair bem. E assim eu, Déborah Versalhes, a cautelosa, me consolido justiceira enquanto minha doce irmã se recupera de sua perda de memória.
Agora que ela saiu e se trancou no quarto parar desabar em choro eu volto ao meu posto em frente a janela e volto a pensar em nós. Meu dia coloriu novamente.
- KarineGeraldeli
Texto tirado do livro "Entre Reinos" de Karine Geraldeli.


Nenhum comentário:
Postar um comentário