"Eu preciso fugir!"

14.6.21

Black // Dark // Queen // Ombre curls // siren calls me home ...

Há um peso... e eu não sei até quando vou aguentar! Seria pedir muito um minuto de descanso?

Lina veio correndo me contar o novo plano de seu irmão, aquele homem maquiavélico e desprezível. Não entendo seu jeito de falar dele, tom de voz feliz e um olhar profundamente triste. Ela esconde algo e tenta disfarçar miseravelmente. Eu finjo que acredito em cada palavra. Ela é minha chave para sair daqui.
Ouvi por trás da porta que despertaram a fúria de uma bruxa... o que eu tenho haver com isso? Este calabouço está a me consumir aos poucos... concentra.

Apesar de Lina ser amorosa e fingida, eu a entendo um pouco. Afinal, ela era cobaia de seu irmão, e este pode ser considerado o pior castigo do mundo. Anaquin, o químico, não tem limites.
Som de passos... levanto-me devagar, caminho lentamente à porta e a seguro por dentro. Nunca deixei de lutar. Os passos pararam, exatamente em frente a porta de ferro que nos separa. Me vejo trêmula... não pode ser agora.. eu preciso fugir.

- LIVINA! - chama autoritário.
- Quem é? - pergunto.
- Sr. Montez quer vê-la, prepare-se!
- Como assim, "prepare-se"? - como se tivesse um closet aqui dentro.
- Você me entendeu! - ordenou. O ouvi se afastar, conversando baixo com outro alguém.

Comecei andar em círculos... cadê Lina essa hora? ... prendi meu cabelo do jeito que deu em um coque alto e mal feito em um cabelo há dias sem escovar, ajeitei esse vestido pesado e volumoso que somos obrigadas a usar. Suja, fedida, maltrapilha. Nem eu mesma estava me suportando. De repente um grito;

- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! - voz da Lina...
- EU POSSO, E VOU! - voz do traste.

*

- LIVINA, VOU ABRIR, SEM GRACINHAS DESSA VEZ!  - ordenou o capanga.
- Tudo bem! - respondi.

Ele destrancou a porta. Quando o vi me  deu um embrulho no estômago. Ele estava altamente armado até os dentes. Não sabia que eu representava tal perigo. Enfim. O permitir se sentir respeitado por mim pela primeira vez. Não por muito tempo. Quando chegamos do lado de fora fingi desmaio e Zor me pegou no colo, me levou às pressas para o quarto de Lina. Anaquin não podia saber que eu havia desmaiado. E eu só queria tempo. Eles que percam. Zor me deixou sozinha com Lina e voltou rápido com um frasco que continha um líquido forte, para me acordar... eu suportei aquilo, continuei minha encenação. Daí ouvi quando Lina, desesperada, murmurou que seu irmão só faz experiências com pessoas perfeitas, se ele soubesse que eu tinha alguma deficiência no meu corpo, eu seria descartada e eles pagariam. Pois eu cheguei aqui em perfeito estado e estava sob a responsabilidade deles dois. Automaticamente eu levantei.

- LIVINA... ATÉ QUE ENFIM! - Lina.

- Lina, você é minha melhor amiga, eu te amo, mas eu me escolho!

- O que você tá dizendo? - perguntou confusa.

- O desmaio deve ter afetado ela.. - Zor concluiu. E eles começaram uma discussão, que eu interrompi me cortando com uma tesoura que estava na cabeceira de Lina.

Tentaram me parar "VOCÊ ESTÁ LOUCA?!". Mas o meu delírio e sede pela liberdade falava mais alto. Adquiri uma força surreal ali, em luta corporal com Zor. Me dilacerei e cortei ele também que tentava me conter, aqui eu já não pensava mais. Segurei o capanga pelo pescoço, e rasguei seu olho esquerdo. Lina já tinha corrido para pedir socorro. Eu estava completamente ensanguentada, eu chorava, eu me repreendia, eu não queria isso para mim, mas eles não me deram opção.

Um grupo de homens entrou no quarto, ficaram paralisados com a cena. Anaquin entrou furioso;

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? - perguntou histérico e perdeu a voz ao me ver. - Livina, o que você está fazendo? - horrorizado.

- Eu quero ir embora... não quero ser sua cobaia, eu estou livre agora, totalmente machucada deixei de ser perfeita. Eu não sirvo mais para você! - o respondi entre gritos e risos de alívio.

- Ah... minha querida... não lhe contaram? Perfeita ou não, você é minha!

- Nunca!/

- Eu a escolhi para mim! Sem pensar em defeitos, não a quero como cobaia!

- Você está mentindo! Anaquin, CHEGA!

- PEGUEM ELA E A JOGUEM DE VOLTA A CELA, NEM OUSEM AJUDÁ-LA COM OS MACHUCADOS, ELA QUE SE CURE! - ordenou com ódio em cada palavra.

- ESPERA!!!!!! - gritei...

" O sangue escorria de sua garganta, anunciando o fim de sua vida."

-Karine Geraldeli.

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